IMPOSTÔMETRO AS VAZANTES DO GOVERNO

IMPOSTÔMETRO

AS VAZANTES DO GOVERNO

O telefone tocou. Era um dos nossos amigos zangadíssimo:

– Vocês leram o jornal, viram na televisão? O Governo não sabe administrar e nós é que vamos pagar os impostos?

– Lemos, vimos e estamos como você, absolutamente incrédulos. Estávamos comentando agora sobre isso –  Colocamos em viva voz, tinha algumas pessoas na sala. Ele continuou:

– Como é que pode uma coisa dessas?

– Antes que aconteça este roubo direto, pior que bater carteira da gente, é necessário fazer alguma coisa.

– Se tiver passeata eu levo até minha avó de mais de 100  anos.

– Eles inventam nomes novos para as mesmas falcatruas.

– É verdade. Falam de IPI, sei mais o quê. Até o imposto de renda vai entrar na parada. Os governantes saqueiam os cofres públicos, praticam estes desvios na Petrobrás e outras empresas…

E antes que terminasse a frase, um integrante da mesa ao lado, acrescentou:

– Depois jogam as contas sobre nossas costas.

– Não temos culpa se eles não sabem administrar – disse um deles.

Mais irritante é que não são impostos, é inserção; não é taxa de iluminação, é contribuição.

Nosso amigo no telefone falava mais zangado ainda:

– Me deixam irritado estes partidos. Todos eles disputam poderes, mas são tão parecidos na hora de espoliar o povo, tão trabalhador. Temos tudo para dar certo.

– Teríamos, mas… é propina, é roubo descarado, parentalha e comparsas de senadores, deputados e vereadores. Calcule então nos ministérios e querem tirar apenas 1.000 pessoas destes apadrinhados.

Uma das nossas amigas não aguentou:

– Está certo quem levou aquele boneco com aquele nariz, é isso mesmo, mentiras e mais mentiras. Parece mesmo a quadrilha dos Irmãos Metralha, não sei quem bolou aquilo, mas é o que o país sente.

Antes que ficasse mais quente a reclamação geral, nos despedimos, mas antes nosso amigo ainda falou:

–  Olha, sei que tem gente que acha que a presidente deve ficar. Mas eu acho que ela tem que renunciar. Tanto faz, pode até ser pior, mas pelo menos não a veremos pelos próximos três anos.

– Seria apenas trocar o malfeitor de plantão. Cita um nome honesto que eu imprimo a foto dele na minha camiseta.

Ufa! Foi difícil apaziguar o pessoal. Percebemos que ninguém suporta mais esta roubalheira oficializada.  De um lado, corrupção de instituições e governantes, que burlam as leis. Ao mesmo lado, ainda pior, corrupção moral de governantes que antes de assaltar os cofres refazem as leis e enchem os gabinetes de amigos e co-partidários que perderam eleições. Por essa razão, que temos tantos comissionados, cargos de confiança, ministérios e secretarias, tão inúteis quanto custosas. Vivemos para pagar as contas de governantes sem escrúpulos gastadores. Se governar seria "fazer muito com pouco dinheiro, tornou-se fazer pouco com tanto dinheiro".

É triste isso, o governo faz a festa e o povo paga para eles se banquetearem. Comem o melhor que podem, bebem as marcas mais famosas de champanhe e vinho. Viagens, propriedades, quando o povo padece às mínguas.

E nem percebem que passaram dos limites. Continua a farra do boi. Que gostem de circo,  tudo bem, mas o povo já sabe a diferença do pão e circo há muito tempo. O povo ficou esperto, esperamos, sinceramente que desta vez o governo não brinque com fogo, mesmo porque muitas coisas já estão queimados. Está na hora de justiça, o povo exige que se faça justiça. Nosso sonho de consumo, dizia um garoto na passeata, é um dia ter governantes que amem o povo, que sofram com suas misérias. Que se enriqueçam menos, que sejam mais honestos. Não com palavras, pois o bem comum não se faz com saliva e propagandas pagas em mídias comprometidas. Como disseram os Bispos no Grito dos Excluídos: "um governo que rouba, uma mídia que mente". Impostômetro nunca mais! A posteridade recordará destes senhores honrados como almas corrompidas que maltrataram a sociedade. Haverá de mudar.

 

 

 

 

Pe. Antônio S. Bogaz (orionita), doutor em Filosofia, Liturgia e Sacramentos e

Teologia Sistemática – Cristologia

Prof. João H. Hansen, doutor em Literatura Portuguesa e

Ciência da Religião e Pós-doutor em antropologia