VONTADE DE VIVER E AMAR DONA SUZANA E SEUS SARAUS

VONTADE DE VIVER E AMAR

DONA SUZANA E SEUS SARAUS

 

 

 

Domingo. Manhã fria. Estamos indo para a celebração da santa missa. Ainda é cedo, quase ninguém chegou e vemos Dona Suzana caminhando com uma jovem que a apoia carinhosamente com os braços. É a Iara, sua filha. Para quem tem saúde isso é comum, mas para quem tem problemas de locomoção, uma caminhada é como uma corrida nas Olimpíadas.

No entanto, Dona Suzana não se importa. Nem mesmo suas dores vão impedi-la de participar da missa, abraçar os amigos e exercer sua função social e fraterna. Ela tem um dom especial: tem uma perseverança imensa e uma nobreza sem fim. Parece simples, mas o que faz não é brincadeira, um empreendimento pessoal.

Tem muitos alunos, simplesmente de alemão, que adoram sua professora. Ela também os quer bem. Notamos seu carinho, quando participamos dos alegres saraus em sua casa. Ela mesma faz quitutes alemães de deixar qualquer confeiteiro no chinelo. Uma mesa colorida e saborosa. São confraternizações para seus alunos, que mais que aprendizes se tornam seus filhos. Sempre comemora quando um estudante vai viajar ou em seu retorno; ou aniversário. Motivo sempre há pra fazer um Sarau.

Para que o Sarau saia maravilhoso é necessário a presença do Bruno e da Haydée, com seus músicos, seus amigos prediletos. Trazem os instrumentos e junto com Dona Suzana tocam e cantam em português, alemão e mesmo em francês. Degustamos velhas modinhas e canções folclóricas. Quem conhece o Bruno sabe que as músicas serão lindas. Músico de instrumentos e de sensibilidade, um som divino. Assim a Haydée, filhos e amigos acompanham nosso maestro. Beleza de família musical que, junto com Dona Suzana formam um belíssimo conjunto musical, elegante e chique.

Nada impede Dona Suzana de fazer maravilhas; nem idade e suas limitações. Ela vence tudo isso com sua força e sua fé em Deus.

Tem gente que reclama sem parar: do frio no frio, do calor no calor, de tudo e de nada. Até de Deus se reclama. Mas se estiver perto de Dona Suzana sente o que é força de vontade. Vai querer até aprender alemão para ficar próximo dela e de seus saraus.

Vendo esta senhora, não temos ideia do que somos capazes, mas podemos tentar. São exemplos assim que dignificam o mundo. Recordamos um aluno, que devido a medicamentos que a mãe tomou na gravidez, nasceu praticamente com um braço normal e um que ele, em tom de brincadeira, dizia que era defeituoso. Isso não o impediu de ser um bom aluno e quando terminou a faculdade foi convidado para trabalhar na administração da mesma. Digitando com uma só mão era algo inacreditável, seus dedos dançavam o ritmo da sua inteligência.

Coragem, capacidade e tanto mais, nós temos. Somente não podemos ser preguiçosos com nossas mentes e força espiritual. A força física pode até bambolear, mas o que rege nosso coração e cérebro. Esta força tem que ser total e absoluta.

Voltando ao nosso domingo frio, vemos como Dona Suzana lida com sua vida. Ela vence as dificuldades pela força de sua mente. Procura estar em sintonia com os jovens aprendizes. Vemos o quanto podemos ser felizes e não sabemos lidar com estas coisas tão admiráveis. Ops, estávamos esquecendo  de anotar que Dona Susana faz doces para as crianças da Pastoral da   Criança todos os meses. Maravilha.

Não podemos esquecer que as raízes principais das nossas ações e da música estão fincadas em nossa alma. Nossa fé nos faz correr pelo verde prado da vida e achar flores que enfeitam estes campos. Que alegria ver esta olimpíada de pessoas como Dona Suzana que encontram na vida motivos para sempre explorar estes campos verdejantes e se encantam com todos os matizes de suas flores. Mais ainda, ao lado da Dona Suzana tem sempre bons anjos. Que esvoacem sempre sobre nós!

 

 

Pe. Antônio S. Bogaz (orionita), doutor em Filosofia, Liturgia e Sacramentos e

Teologia Sistemática – Cristologia

Prof. João H. Hansen, doutor em Literatura Portuguesa e

Ciência da Religião e Pós-doutor em antropologia