SUSTO, SUSTO E MUITO SUSTO … AMIGOS A GENTE CUIDA COM CARINHO

SUSTO, SUSTO E MUITO SUSTO…

AMIGOS A GENTE CUIDA COM CARINHO

 

Na noite da Vigília Pascal, em meio às velas que se acendiam, estávamos indo para a Igreja quando o telefone tocou. Atendemos, claro.  Era a Fátima, esposa do Jefferson. Estava assustada e com razão:

– Estamos aqui no hospital.

– Santo Cristo, o que está acontecendo.

– O  Jefferson está com problemas cardíacos…

– Cardíacos, isso é hora!

– O médico dele, Dr. José Luís Castro, tão atencioso, um médico bem humano, como se diz, acredita que foi princípio de infarto.

Nem se pestaneja, saímos correndo e fomos para o Hospital.  Bem, era verdade, o nosso amigo Jefferson tinha tido um infarto e a ambulância iria levá-lo para fazer o cateterismo,  a angioplastia ou o que tivesse que fosse preciso. Em Piracicaba, obviamente.

Telefone tocava sem parar. Todos  queriam saber como o Jefferson estava:

– Como está o Jefferson, você telefonou para a Fátima, ele está bem?

– Ele já fez a angioplastia? Colocou stent?

– Alguém sabe notícias do nosso amigo Jefferson?

Acho que foi a Edith que falou:

– Vamos rezar, sem cessar;  vamos rezar para Nossa Senhora, Sant`Orione, todos nossos santos!

Momentos difíceis, horas de susto. Um grande amigo sofria dores. Fez os procedimentos, e graças ao bom Deus, está ótimo;  coração de menino.

Ainda com as contas do rosário nas mãos, dias depois, durante a procissão de São Luís Orione, o José Luís da Soninha desvaneceu.

Algumas pessoas, entre elas,  tão serenamente a Josi Lazzarini, enfermeira, o Sr. Lincoln, o Cuco da Tita, e todos que estávamos em volta do nosso Zézinho, no chão da rua, preocupadíssimos, o vimos voltar do desmaio. Eram preces, lágrimas e  mais preces. – Chama o Samu, chama o Samu.

– O Samu eu chamei, está atendendo.

Sem querer brincar,  neste momento do Samu, parecia que todos estavam chamando um gato amigo: Samu, Samu, Samu. Depois que passa, a gente até sorri ou brinca, mas na hora é uma aflição sem fim. Demora muito, vamos resolver rapidamente.

– Não precisa, vamos levá-lo de carro para o hospital.

O Marcos Roberto havia ido buscar um carro e vem ágil a Marcela do Edilson, serena e amável, entre o povo que seguia rezando. Colocamos delicadamente o nosso amigo no carro e rumou para o Hospital.

Havia nos contado no dia anterior que quase tinha desmaiado porque a pressão havia baixado muito e que naquele dia tinha passado mal com um leve desmaio, mas o Zezinho não quis ficar em casa, queria participar como todos da procissão, do último dia da Festa São Luiz Orione com todos os voluntários. A gratidão era grande, pelo sucesso da Festa Italiana. Se tivesse ficado em casa, sozinho, talvez ninguém o teria socorrido. Quem sabe os caminhos da Providência divina. Novamente os murmúrios começaram:

– Tem notícia do Zé? Ele está bem? Melhorou?

– Olha, o Zé vai ficar no hospital para fazer exames, está melhorzinho, disse a Soninha.

– Só melhorzinho? Precisa ficar bom.

Acho que foi o Deolindo que falou, repetindo a Edith:

– Vamos rezar, sem cessar,  vamos rezar para todos os nossos santos!

Após uma pequena permanência no hospital e uma série de exames, o Zé Luiz já está em casa e está bem, graças ao bom Deus.

 Susto, que susto! Entendemos, porém, que estes momentos amargos nos revelam a doçura dos amigos. Jefferson e Zé Luís sentiram a marca da pluma leve dos amigos que cativaram ao longo dos anos. De fato, quando queremos bem aos nossos amigos, nos preocupamos com eles. Assim se comprovam os amigos: queremos que realmente esteja bem e felizes. Deu nos deu irmãos, que são nossos amigos escolhidos por Ele. Como diz o ditado popular, nós escolhemos os amigos que são nossos irmãos adotivos e ninguém quer ficar sem seus amigos, muito menos nós.

É muito importante saber que somos “amados”. Bom saber que as pessoas se preocupam conosco e que nessas horas são estes irmãos adotivos que fazem a diferença. Sabemos que podemos contar com eles e eles conosco. Eis a radiografia de uma comunidade, que cada um cuida do outro, “sua dor é minha dor, sua alegria é minha alegria”.  Mas que susto! Esperamos que passe um tempo bem longo, longíssimo, para levarmos outro susto deste tamanho!

 

 

Pe. Antônio S. Bogaz (orionita) , doutor em filosofia e teologia

Prof. João H. Hansen, doutor em ciências da religião