OS BONS ANFITRIÕES NO SET DE FILMAGEM DO FREI GALVÃO

OS BONS ANFITRIÕES

NO SET DE FILMAGEM DO FREI GALVÃO

 

 

Você não pode imaginar o trabalho que dá produzir um filme. Sobretudo, se não temos a intenção de entrar nos bolsos do governo, como se vê por aí. E nós temos feito alguns filmes, longa metragens, com pouquíssimos recursos. Certamente não seria feito, se não fosse pela sede de evangelização que une as pessoas. Tudo tem que ser meticulosamente pensado, não se pode desperdiçar, principalmente tempo, durante as filmagens. Todos que participam, estudam, trabalham, tem seus afazeres diários e de repente é necessário sair da zona de conforto e enfrentar chuva, sol, calor, viagens e horas intermináveis até que a cena saia correta.

Mas como somos aventureiros no cinema, não estamos em Hollywood. Fazer um filme de caráter religioso e sem gastos, depende da boa vontade de quem nos recebe em sua casa, que se torna cenário do filme. Não podemos arcar com cenários, servimo-nos das locações históricas das cidades.

Não ficamos contando quantos trabalharam no filme, mas foram muitos, mais de duzentas pessoas. Uns cuidam de nossa alimentação, outros do figurino, maquiagem, transporte, elenco, continuidade, cenários, iluminação, bem estar, e outros. Nossa equipe técnica é formada pelo TG (Jefferson), Léo e Amador (o nosso cameraman), que não param um minuto.

Aqui em Rio Claro na casa da Clélia, Miguel e Estevão, fizemos uma divertida cena do filme Frei Galvão. Conta a história que Frei Galvão ganhou algumas galinhas (elas eram transportadas em uma vara, presas pelo pé) de um fiel. Quando o doador estava pegando os frangos, um deles escapou. O dono gritou:

"Volta aqui frango do capeta, não fuja".

Na hora em que ele entregou para o Frei, sem ter ouvido a blasfêmia, o santo disse:

– Este frango você já ofereceu para o Capeta, você blasfemou. Não o queremos.

O homem ficou espantado e ainda tentou entregar o frango para as irmãs. E assim o frango morreu de velho no quintal. Bem, calculem todo mundo correndo atrás do frango durante a filmagem, debaixo de um sol escaldante. Foi divertido fazer a cena com as galinhas e frangos dos nossos amigos Célia-Miguel, que nos receberam com lanches, alegria e acompanharam tudo com um imenso amor.

Quando chegamos em Piracicaba, fomos muito bem recebidos na Igreja dos Frades, fizemos inúmeras cenas do filme. Lá tivemos alguns padres, muito simpáticos que nos deram toda a liberdade e acolhida. Depois, tocamos de perto a acolhida e a bondade dos Freis Caetano e Maurício no Convento São Francisco. Até um gatinho e dois cãezinhos também quiseram ser artistas. Beleza!

Nas fazendas, Santa Gertrudes, tocamos a gentileza do Luís Felipe e da Nádia, com toda sua equipe; gente genial. E no Haras Faxina, nos impressionamos com a acolhida do Sr. Miron e com o sorriso do Mário e tanta gente gentil.

Foi assim na Achiropita, dos orionitas, em São Paulo, onde a dedicação da Eva Bertani nos emocionou, juntamente com o Pe. Paulo e Pe. Milton. Mesmo em São Paulo, as Irmãs nos receberam com muito carinho no Mosteiro da Luz e a equipe do Museu de Arte Sacra nos acompanhou na filmagem para nos socorrer. A vida é feita de gentileza e foi grande a gentileza do Frei Luís Henrique, do Convento São Francisco. Deixou seu descanso e veio se cansar conosco. Era tanta gente estendendo as mãos, que parecia uma multidão de anjos a nos animar. Até mesmo registramos a dedicação de um garotinho que dormiu em cena, depois de tanto labutar contra o sono.

Chegamos a lugares simples e ambientes pobres, mas que se tornavam castelos pela acolhida das pessoas que nos receberam. Tivemos apenas uma dissensão: um senhor, certamente com graves problemas mal resolvidos, foi desagradável na acolhida.

Foi o contraponto para entendermos a distinção: quando chegamos num local e somos bem recebidos, tudo fica mais suave e encantado. Uma recepção fria ou desagradável se torna um caminho de espinhos. Todos já fizemos esta experiência.

Como é importante ser recebido com muito carinho quando chegamos. Que grande diferença. Que chato chegar num lugar onde a pessoa da acolhida é um "tranca-portas" e não se interessa em nos fazer sentir em casa ou "alma depressiva" que espanta a gente. Como é gostoso chegar numa igreja, num hospital, num departamento e ser acolhido como se fosse um velho amigo. Tem recepções que orquestra a acolhida pela grife do rosto.

Nossas filmagens foram possíveis somente porque encontramos rostos sorridentes e acolhedores. Neste ano da Misericórdia, nossa contribuição é produzir, a duras penas e muita dedicação, este filme, que conta a história de um santo que construiu com suas mãos o maior Mosteiro de São Paulo e caminhou léguas visitando e socorrendo pobres, que lutou contra os governantes corruptos de seu tempo (já existiam, ufa!) e viveu para Deus.

Acolher contente é um dom. Todos temos este dom, basta abrir o coração.

 

Pe. Antônio S. Bogaz (orionita), doutor em Filosofia, Liturgia e Sacramentos e

Teologia Sistemática – Cristologia

Prof. João H. Hansen, doutor em Literatura Portuguesa e

Ciência da Religião e Pós-doutor em antropologia